quinta-feira, maio 08, 2008

Um pouco (mais) de céu

E a lua despiu-se a seus olhos, toda a sombra se desvaneceu com a visão desconcertante de uma lua tão próxima, que a sua textura quase acariciava os dedos paralisados pelos raios de luz.

- Todos quiseram sempre chegar lá onde eu moro, onde as estrelas conversam sem pudor sobre milhões de anos passados e os cometas deslizam pelo céu em círculos, sempre misteriosamente apressados por motivos que ninguém sabe, nem se atreve a perguntar.
Eu… trocava esse sonho de tantos pelo prazer terreno de ti, de te ter nas mãos e sonhar contigo algo mais do que noites sem fim a olhar o nada, pensando como é que tantos milhares de quilómetros de completo e insondável vazio transformam numa utopia um simples tocar de mãos.

E chorou… Nunca se havia visto antes as lágrimas de um astro, eram lágrimas de luz, de uma transparencia que cegava quem se atrevesse a deitar-lhes um simples olhar. As lágrimas caíram em cima dele criando uma orla brilhante que só o amor conhece. E quando todo ele era luz, o mundo deixou de ser seu. Como que por magia o seu peso, simplesmente, desapareceu e planou, por tempos incalculáveis até ao lado dela. Deixou de ter nome, idade, tudo se havia perdido excepto a memória.
Agora, de dia olha o seu mundo, como dantes fazia, durante noites sem fim a olhar a lua. Às vezes quando as saudades superam o amor, foge para trás das nuvens para chorar escondido. E chove... Mas todas as noites, as saudades valem a pena, fica pertinho da lua e amam-se como nos sonhos que tinham.
Por isso é que se diz que as lágrimas nos protegem e nos ajudam a curar as dores insuportáveis no coração, por isso é que por amor se vai mais longe que o fim do mundo e por isso é que a noite é o território dos amantes.

Sem comentários: