domingo, outubro 31, 2010

Muito mais

Este já andou por cá... :p


Muito mais o quente de ti,
Que o gelo da mente.
Muito mais noites sem paz
Que uma paz aparente.
Muito mais frutos no chão,
Que a semente lançada.
Muito mais corpos na cama,
Que no gume da espada.
Muito mais ramos de rosas,
Que infinitas moedas.
Muito mais queda livre,
que pára-quedas.
Muito mais beijos de morte,
Que os lábios secos.
Muito mais palavras ao ouvido,
Que meros ecos.
Muito mais homens no mar,
Que barcos em terra.
Muito mais guerra,
De olhares...

domingo, outubro 24, 2010

Naufrago

Bato com a cabeça no tecto vezes de mais
Por voar mais alto do que devia,
Esqueço que o barco não passa além do cais,
Ignoro os braços que me prendem,
Na seca da calmaria,
Gritando-me aos ouvidos,
Que estás longe do meu Mundo,
Ao largo dos meus sentidos.
E eu sinto-me moribundo,
Morrendo-me nos teus braços,
Dou-me uma ultima vez,
À justiça das marés.
E perco-me nos teus laços.

quinta-feira, outubro 14, 2010

Hoje precisei mesmo de escrever.

De destino ao sabor dos ventos,
Estou total e absolutamente à toa,
Não é da minha natureza,
Mascarar a vida de boa,
e aliá-la aos meus intentos.
Não sei se interprete as palavras,
Como quero que elas soem,
Como acho que elas doem,
Ou como são realmente.
E nesta face da minha existência,
Talvez seja mesmo incompetente.

sábado, setembro 18, 2010

Não sei dar titulos.

Entrei pela porta, intrépido.
Soltei-me. E o fogo do Inferno,
troçando do normal,
Muito mais do que terno,
Pareceu-me medicinal.

Na urgência do momento,
À falta de iluminados,
Convoquei os meus botões,
Cretinos desapegados,
Das minhas opiniões.


Chegamos à conclusão,
Que por tras de negro véu,
O Inferno é um improviso,
De fazer amor no céu,
E acordar no paraíso.

sexta-feira, março 12, 2010

Traz os pedaços de ti,
Mostra o caminho do céu,
Crava-me as unhas na pele,
Deixa-me tudo o que é teu,
Chama-me nomes de mel,
Espalha-te pelo chão,
Flui pelas paredes
Morde-me o coração
E amarra-me nessas redes
A que chamas mãos,
Evaporamos, desaparecemos,
Calamos e só nos olhamos,
Quase nos vemos.
Adormecemos.

segunda-feira, janeiro 25, 2010

Estou destreinado de dar titulos a isto.

Não andes mais nessa avenida,
De entretantos.
Amarrota a vida,
E chuta-a para um canto,
Se tiver que ser.
Procura-o onde se esconder,
O encanto.
Grita mais longe que o fim do mundo,
Abafa a consciencia.
Perde de uma vez a paciencia.

domingo, outubro 04, 2009

Braga

Braga é fantástico. Às vezes, fica-se com a impressão que é Braga que deveria mandar neste país. Veio do Sporting de Braga o treinador que está a salvar o Benfica. Mas, mesmo sem esse treinador, o Sporting de Braga está em primeiro lugar.
Acho que o Sporting de Braga é o único clube de que todos os portugueses gostam secretamente. Os benfiquistas acham que eles são do Benfica; os do Sporting apontam para o nome e os portistas, por muito que lhes custe, são nortenhos e não se pode ser nortenho sem gostar de Braga.
Toda a gente tem medo - e com razão - do Sporting de Braga. Há a mania de engraçar com a Académica de Coimbra ou com o Belenenses, mas são amores fáceis, que não fazem medo nem potenciam tragédias.
O Sporting de Braga não se presta a essas condescendências simpáticas. É po ser temido que o admiramos. Mais do que genica, tem brio. É uma atitude com que se nasce; não se pode ensinar nem aprender.
A primeira vez que fui a Braga já estava à espera de encontrar uma cidade grande e diferente de todas as outras. Mas fiquei siderado. Acho que Braga se dá a conhecer a quem lá entra, sem receios ou desejos de impressionar.
A primeira impressão foi a modernidade de Braga - pareceu-me Portugal, mas no futuro. E num futuro feliz. O Porto e Lisboa são mais provincianos do que Braga; tem mais complexos; tem mais manias; tem mais questiúnculas por resolver e mais coisas para provar.
Braga fez-me lembrar Milão. É verdade. Eu adoro Milão mas Milão é (mais ou menos) Italiano, enquanto Braga é descaradamente português. Havia muitas motas; muitas luzes; muita alegria; muito à-vontade.
Lisboa e Porto digladiam-se; confrontam-se; definem-se por oposição uma à outra. Braga está-se nas tintas. E Coimbra - que é outra cidade feliz de Portugal - também é muito gira, mas não tem o poderio e a prosperidade de Braga.
Em Braga, ninguém está preocupado com a afirmação de Braga em Portugal ou no mundo. Braga já era e Braga continua a ser. Sem ir a Roma, só em Braga se compreende o sentido da palavra "Augusta". Em contrapartida, na Rua Augusta, em Lisboa, não há boa vontade que chegue para nos convencer que o adjectivo tenha proveniência romana. A Rua Augusta é "augusta" como a Avenida da Liberdade é da "liberdade" e a Avenida dos Aliados é dos "aliados", mas Braga é augusta no sentido original, conferido pelo próprio Augusto.
Em Braga, a questão de se "comer bem" ou "comer mal" não existe. Come-se. E, para se comer, não pode ser mal. Pronto. Em Lisboa, por muito bem que se conheçam os poucos bons restaurantes, está-se sempre à espera de uma desilusãozinha.
No Porto, apesar de ser difícil, ainda se consegue arranjar alguma ansiedade de se ser mal servido; de ir a um restaurante desconhecido e, por um cósmico azar, comer menos do que bem. Em Braga isso é impossível. O problema da ansiedade não existe. Braga tem tudo. Passa bem sem nós. Mas nós é que não passamos sem ela, porque os bracarenses ensinam-nos a não perder tempo a medir o comprimento das pilinhas uns dos outros ou a arranjar termómetros de portuguesismo ou de autenticidade.
É por isso que o Sporting de Braga está à frente. Não é por se chamar Sporting. Não é por ter cedido o treinador ao Benfica. O Benfica ganhou muito com isso. Mas é o Sporting de Braga que está à frente.
É por ser de Braga. É uma coisa que, infelizmente, nem todos nós podemos ser.
Fique então apenas a gentileza de ficar aqui dito de ter pena de não ser.

Miguel Esteves Cardoso, in revista J


:')

quinta-feira, março 19, 2009

Quente (no coração)

Devia-me sentir em casa aqui?
Onde todos os dias me parecem diferentes
E a distancia do berço em que nasci
É simplesmente comprimento,
Há novos bancos onde me sento,
Com novas gentes…
Porque sei que um dia acaba o sal,
Um dia os nevões são só normais,
Talvez nesse dia fique sentimental,
Mas hoje quero mais,
Mais pedaços de mim que perdi no chão.
Hoje quero ilusão.

Hoje simplesmente apeteceu-me.

sexta-feira, dezembro 26, 2008

Porque é natal.

Dá-me uma flor. Disseste.
E eu não dei.
É demasiado fácil dar-te uma flor,
Demasiado doce como o licor,
Mas tão tentador que ainda pensei.
Que sentido faria?
Se a flor que te daria,
Estragava o jardim que plantei?
Por agora dou-te o cheiro da flor,
Para que entendas a paixão.
O amor do jardim,
Esse vem do suor e lágrimas do coração.


Bom natal!

terça-feira, outubro 07, 2008

Internacionalizar um pouco isto :p

I felt like a leaf in the storm,
I couldn’t know which way to fly,
The happiness, The warm,
Were right under my bed,
I was to afraid to verify.
But fear passes, as time goes,
And you get tired to be sad.
You get control of your moves,
You learn that smiling is not a crime,
And quit searching for prooves,
For the one person, the one time.
Once times happen a lot,
And loving is long, long shot.

domingo, outubro 05, 2008

De volta

Cabe na minha mão o que sinto,
Mas varre-me o corpo inteiro,
A alma, os sonhos, até o instinto,
O eu gente e o animal,
Toda a imagem, som e cheiro,
Tudo é dela.
O nada mais pequeno da coisa mais banal,
O sonho mais ousado e a noite mais carnal.
Até o aperto no coração.
E como é boa esta dor,
De roer a corda toda,
E aprender a amar melhor.

sexta-feira, agosto 08, 2008

Porque os génios são assim.

Isto não é bom. Isto é de génio.




A princi­pio é simples anda-se sozinho
passa-se nas ruas bem devagarinho
está-se bem no silêncio e no borborinho
bebe-se as certezas num copo de vinho
e vem-nos à memória uma frase batida
hoje é o primeiro dia do resto da tua vida
hoje é o primeiro dia do resto da tua vida

Pouco a pouco o passo faz-se vagabundo
dá-se a volta ao medo e dá-se a volta ao mundo
diz-se do passado que está moribundo
bebe-se o alento num copo sem fundo
e vem-nos à memória uma frase batida
hoje é o primeiro dia do resto da tua vida
hoje é o primeiro dia do resto da tua vida

E e então que amigos nos oferecem leito
entra-se cansado e sai-se refeito
luta-se por tudo o que se leva a peito
bebe-se e come-se se alguem nos diz bom proveito
e vem-nos à memória uma frase batida
hoje é o primeiro dia do resto da tua vida
hoje é o primeiro dia do resto da tua vida

Depois vem cansaços e o corpo fraqueja
olha-se para dentro e já pouco sobeja
pede-se o descanso por curto que seja
apagam-se duvidas num mar de cerveja
e vem-nos à memória uma frase batida
hoje é o primeiro dia do resto da tua vida
hoje é o primeiro dia do resto da tua vida

E enfim duma escolha faz-se um desafio
enfrenta-se a vida de fio a pavio
navega-se sem mar sem vela ou navio
bebe-se a coragem até dum copo vazio
e vem-nos à memória uma frase batida
hoje é o primeiro dia do resto da tua vida
hoje é o primeiro dia do resto da tua vida

Entretanto o tempo fez cinza da brasa
outra mare cheia vira da maré vaza
nasce um novo dia e no braço outra asa
brinda-se aos amores com o vinho da casa
e vem-nos à memória uma frase batida
hoje é o primeiro dia do resto da tua vida
hoje é o primeiro dia do resto da tua vida

quarta-feira, julho 30, 2008

All I want is you



Do filme Juno. É boa onda, eu gosto :)

sexta-feira, julho 11, 2008

:)

Um momento sem dor
Uma explosão de tudo
No meio do nada,
A lua a observar o fervor,
Do penetrar da espada,
Na fragilidade do escudo.
Pouco, muito…
Depende de quem sente.
Nem abrigam no peito,
O amor. O mundo como gente.
Com o alívio de libertar farrapos
De um modo perfeito.
Saí, fui, saltei. Não fugi.
Quando voltar o mundo está cá,
Mas o mundo pesa demais
Em mim e em ti.

terça-feira, julho 08, 2008

O Lume

Vai caminhando desamarrado
Dos nós e laços que o mundo faz
Vai abraçando desenleado
De outros abraços que a vida dá

Vai-te encontrando na água e no lume
Na terra quente até perder
O medo, o medo levanta muros
E ergue bandeiras pra nos deter

Não percas tempo,
O tempo corre
Só quando dói é devagar
E dá-te ao vento
Como um veleiro
Solto no mais alto mar

Liberta o grito que trazes dentro
E a coragem e o amor
Mesmo que seja só um momento
Mesmo que traga alguma dor
Só isso faz brilhar o lume
Que hás-de levar até ao fim
E esse lume já ninguém pode
Nunca apagar dentro de ti

Não percas tempo
O tempo corre
Só quando dói é devagar
E dá-te ao vento
Como um veleiro
Solto no mais alto mar

segunda-feira, julho 07, 2008

Representar a vida

Imagina um peito vazio,
Uma imensidão de nada,
A verdade,
Presa por um fio,
Nua, Podre, Prostrada
À minha frente.
E o público…
Fantoches de gente.
Promessas de tudo,
Alegres, ao som de samba.
Sorrisos secos, de amigos.
Que ficam no palco…
O pano desce e a peça descamba.

segunda-feira, junho 30, 2008

Patético

Se sou?
Talvez seja, bastante até…
Enquanto o tempo passou,
Deixei de me importar
Se andava a rastos ou de pé.
Se nunca me apercebi?
Claro que sim…
Mas deixei de querer lutar,
Se não morri,
Pelo menos beijei o fim.
Mas não sou patético sozinho,
Não sou só eu quem definho,
E quem vive em função de buracos no peito.
Esconder ou fugir para sempre,
Escolher esse caminho,
É ser patético com falta de jeito.

segunda-feira, junho 09, 2008

Até um dia destes...

Primeiro o choque, daqueles que se sentem mesmo quando sabemos que vem aí a tempestade, mas acreditamos até ao fim que não passa de má vontade dos meteorologistas contra a nossa necessidade de sol.
O choque dura pouco tempo, só até a cabeça se sobrepor ao coração, porque na nossa racionalidade já moravam as certezas todas. Vem depois alguma dor, que mói um pouco quando a paranóia de um louco, rompe brutamente pela lucidez do mundo. As imagens que surgem são cruéis, mas com o tempo a reacção a elas transforma-se num sorriso condescendente, ligeiramente jocoso, até…
A lição dura até ao fim dos dias e a verdade arranja sempre saída…


"Sou eu quem não quer ver que o tudo é tão maior..." TB

quinta-feira, maio 29, 2008

A alma foge das mãos, como se até ela rogasse escapar subtilmente às amarras que lhe prendem as asas e não a deixam chegar onde pertence, de onde a arrancou o coração, como que a uma erva daninha.
Coisa estranha o coração, que não deixa transformar sentimentos em palavras, com medo que isso nos deixe mais frágeis, ignorando, como se sórdido pormenor se tratasse o facto de já estarmos partidos em milhões de pedacinhos. Só os olhos arrancam ao mais fundo da gente aquela verdade que às vezes o próprio ser se esquece que existe. E quando tudo não é mais que mentiras e subterfúgios pegados, há olhares que não deixam mentir…
Chorar? As lágrimas já caíram todas e julgo que, até aí, a seca que percorre cada centímetro de corpo já chegou, por isso liberta finalmente o coração das palavras que faltam ser ditas, antes que morra o pouco de humanidade que resta.


"Larga o que te tornaste e faz-te tu por uns segundos..."

quarta-feira, maio 14, 2008

:(

As palavras e os livros desvaneciam-se pelo pó que teimava em acumular no chão, o quarto jazia numa desarrumação crónica, num abandono que não disfarçava a tristeza k se sentia no ar. Sentado numa cadeira distingue-se, a custo, um corpo prostrado, parte integrante daquele quarto, como se fosse apenas mais um objecto, sem sonhos, sem alma…
Olhava fixamente para a chuva a beijar a janela, muito pouco já lhe importava além destas coisas. O vidro, a janela, a chuva… Aquilo que ainda lhe trazia a paz de espírito para sobreviver.
O olhar, era um olhar de fim do mundo, daqueles fixados em tudo e em nada, daqueles que tocam o horizonte, com a pena de não ficar e a necessidade suprema de ir. Na face perdeu a habilidade de sorrir, nem o mais furtivo dos sorrisos conseguia hoje penetrar na muralha que erguera em volta de si. O rosto era fechado, frio, triste… E havia soluções sim, não que ele pedisse algum Santo Graal. Apenas que a gente se portasse como tal e que as palavras que se dizem, fossem mais do que simples sons atirados para o chão, como um simples pedaço de lixo. Talvez fosse pedir demais, que a sede de realização de alguns não se limitasse a causar sofrimento a outros

quinta-feira, maio 08, 2008

Um pouco (mais) de céu

E a lua despiu-se a seus olhos, toda a sombra se desvaneceu com a visão desconcertante de uma lua tão próxima, que a sua textura quase acariciava os dedos paralisados pelos raios de luz.

- Todos quiseram sempre chegar lá onde eu moro, onde as estrelas conversam sem pudor sobre milhões de anos passados e os cometas deslizam pelo céu em círculos, sempre misteriosamente apressados por motivos que ninguém sabe, nem se atreve a perguntar.
Eu… trocava esse sonho de tantos pelo prazer terreno de ti, de te ter nas mãos e sonhar contigo algo mais do que noites sem fim a olhar o nada, pensando como é que tantos milhares de quilómetros de completo e insondável vazio transformam numa utopia um simples tocar de mãos.

E chorou… Nunca se havia visto antes as lágrimas de um astro, eram lágrimas de luz, de uma transparencia que cegava quem se atrevesse a deitar-lhes um simples olhar. As lágrimas caíram em cima dele criando uma orla brilhante que só o amor conhece. E quando todo ele era luz, o mundo deixou de ser seu. Como que por magia o seu peso, simplesmente, desapareceu e planou, por tempos incalculáveis até ao lado dela. Deixou de ter nome, idade, tudo se havia perdido excepto a memória.
Agora, de dia olha o seu mundo, como dantes fazia, durante noites sem fim a olhar a lua. Às vezes quando as saudades superam o amor, foge para trás das nuvens para chorar escondido. E chove... Mas todas as noites, as saudades valem a pena, fica pertinho da lua e amam-se como nos sonhos que tinham.
Por isso é que se diz que as lágrimas nos protegem e nos ajudam a curar as dores insuportáveis no coração, por isso é que por amor se vai mais longe que o fim do mundo e por isso é que a noite é o território dos amantes.

sábado, maio 03, 2008

Um pouco de céu...

Tenho saudades…
Saudades do pedaço de mim que me falta
Saudades dos tempos de rir.
Daqueles sorrisos que nem o medo descalça
Saudades de ver o sol da varanda,
Quando o chão não pedia para cair…
Saudades do tempo em que sonhava, dormia.
Hoje apenas durmo.
Mas vou tornar a ser.
Ser daquela gente que vive cada dia.
Deixar de ser Morto, taciturno.
Voltar a olhar o sol de frente,
A olhar-te de frente,
Com olhos de quem sabe ser mais,
Com a força que não viste,
Ou não quiseste.
Com a paixão de um beijo nos umbrais,
E a loucura saudável da peste.
E na face, nem mais uma gota de sal
Por quem não merece.
Abriu-se espaço em mim,
Morreu “gente” no meu peito.
Não cumpro luto só por ser normal.
Chamarei gente, sem aspas, sim,
Que não me queira por birra,
Que não me queira perfeito…

sexta-feira, abril 18, 2008

Quando, Quando, Quando...

Quando, quando, quando…
Quando é que me deixas viver?
Quando é que os corvos vão voar,
Parar de me atormentar,
Rindo por entristecer.
Quando é que trazes verdade,
Ao topo da tua alma?
Quando é que trazes calma,
A tudo o que somos nós?
Sem orgulhos, sem vaidade.
Só quero daquilo que o amor faz.
Eu quero paz…

segunda-feira, abril 14, 2008

Sem palavras...

"(...)O nosso amor não é para nos compreender, não é para nos ajudar, não é para nos fazer felizes. Tanto pode como não pode. Tanto faz. É uma questão de azar. O nosso amor não é para nos amar, para nos levar de repente ao céu, a tempo ainda de apanhar um bocadinho de inferno aberto. O amor é uma coisa, a vida é outra. A vida às vezes mata o amor. A “vidinha” é uma convivência assassina. O amor puro não é um meio, não é um fim, não é um princípio, não é um destino. O amor puro é uma condição. Tem tanto a ver com a vida de cada um como o clima. O amor não se percebe. Não é para perceber. O amor é um estado de quem se sente. O amor é a nossa alma. É a nossa alma a desatar. A desatar a correr atrás do que não sabe, não apanha, não larga, não compreende. O amor é uma verdade. É por isso que a ilusão é necessária. A ilusão é bonita, não faz mal. Que se invente e minta e sonhe o que quiser. O amor é uma coisa, a vida é outra. A realidade pode matar, o amor é mais bonito que a vida.A vida que se lixe. Num momento, num olhar, o coração apanha-se para sempre. Ama-se alguém. Por muito longe, por muito difícil, por muito desesperadamente. O coração guarda o que se nos escapa das mãos. E durante o dia e durante a vida, quando não esta lá quem se ama, não é ela que nos acompanha - é o nosso amor, o amor que se lhe tem. Não é para perceber. É sinal de amor puro não se perceber, amar e não se ter, querer e não guardar a esperança, doer sem ficar magoado, viver sozinho, triste, mas mais acompanhado de quem vive feliz. Não se pode ceder. Não se pode resistir. A vida é uma coisa, o amor é outra. A vida dura a Vida inteira, o amor não. Só um minuto de amor pode durar a vida inteira.E valê-la também" (Miguel Esteves Cardoso)

A verdade, por favor...

quinta-feira, março 27, 2008

sábado, março 01, 2008

Ao tempo que não ouvia isto :)

Staring at the sun



"when I ran I didnt feel like a runaway, when I escaped I didnt feel like I got away,
there's more to living than only surviving. Maybe Im not there, but Im still trying"
Por vezes os caminhos desviam-nos daquilo que sempre fomos, moldam-nos nas formas mais estranhas e indesejáveis. É a vida, dizem… Pois se a vida me quer como um ser infeliz, auto-destrutivo e paranóico, então a vida bem que pode ir dar uma volta.
Finalmente sinto-me menos frágil. Era presunçoso dizer que o fiz sozinho, não fiz. Tive sempre sorrisos a abalar o meu mundo e nunca reparei que esses sorrisos eram o futuro, a tentar trespassar o passado, que estóicamente permanecia como uma muralha. A muralha cedeu.
Nem tudo o que foi mau se apaga, nem tudo vai assim com o vento, nem tudo se esquece e se desculpa, mas vai-se fazendo a triagem e aproveitando aquilo que vale a pena.
Há muitas coisas por dizer,mas acabo com uma frase muito simples mas que me ficou marcada na cabeça: “You rocked my world” (assim num estalar de dedos…)

sábado, fevereiro 16, 2008

Jeff Buckley - Hallelujah


Porque o assunto do outro post e demasiado (falta-me um adjectivo que defina aquilo) não se justifica que fique em destaque muito tempo. Cá vai uma actualização ao post das musicas que me lembram pessoas (é a tua versão ves?) :P

quinta-feira, fevereiro 07, 2008

Sem quase me aperceber
Vou descobrindo as respostas
Sem nunca desaparecer
Esta estranha sensação
De uma facada nas costas…
Sem virtude ou confissão
Falta às vezes a coragem,
De olhar nos olhos e falar.
E assim se desvanece,
O que tinha como certo.
O acto de acreditar.
De ser mais verdadeiro que esperto.
E nas brisas da vida,
Vão-se alguns amigos,
E uma ou outra noite mal dormida.


Felizmente sobram abrigos.


(Pondo em causa muita coisa, alguma gente)

segunda-feira, janeiro 28, 2008

A noite finalmente acordou o dia… O hábito natural ao escuro de sempre, tornou a luz pouco menos que insuportável. Tudo isto não durou mais que poucos momentos, já que a dor da desabituação foi-se desvanecendo perante a libertação dos raios de sol que lhe queimavam a pele. A manhã demorou demais a passar e de repente o mundo parecia-lhe pedir que saísse e ele cedeu.
Fez-se à estrada e tudo o que circulava parecia-lhe muito mais vivo, como se todo o mundo renascesse com ele. Sorriu à menina da portagem, que era por sinal muito bonita, mas sem perder tempo seguiu numa tranquilidade apressada até ao destino.
Chegou. Um sorriso, dois beijos e vai de voltar à estrada que não era tempo, nem local para coisa nenhuma. Estacionou o carro, por acaso, num sitio especial (quem é que disse que não há coincidências?) e seguiram caminho a pé por becos e ruelas, que lhe pareciam hoje muito menos lúgubres, muito menos mortas. Tinha aprendido a gostar das ruas, do céu, das gentes, daquele encanto especial que primeiro se estranha e depois se entranha.
Caminharam sempre ao longo do rio, que hesitava entre o reflexo da cidade e o reflexo da felicidade que se desprendia dos seres com uma energia quase atómica. As pessoas passavam por eles e incompreensivelmente pareciam indiferentes, como se não notassem que todo o mundo tinha mudado da noite para o dia.
Sentaram-se na esplanada, a mais chegada ao rio e no entanto longe demais. Por vontade dele levariam as cadeiras, e tomariam café sobre as pequenas ondulações, que o chamavam como que sereias. Ficaram-se pela terra…
Conversaram sobre tudo e sobre nada, sorriram por tudo e por nada, como se sentissem que o silêncio faria apagar a luz e acabar o dia mais cedo. O café nunca lhe soube tão bem, dispensou o açúcar porque a doçura da companhia era superior a qualquer açúcar jamais descoberto.
Passou-se tempo, não soube precisar quanto, tinha na verdade, esquecido o próprio conceito do passar das horas. A luz desvaneceu-se, levantaram-se e caminharam de novo até ao carro, por um caminho diferente, que ele secretamente desejava que fosse mais longo. Não foi… Levou-a de volta e seguiu caminho, de sorriso estampado.

“Minha alma pede a Deus que me deixe cá voltar”

Peço desculpa pelo tamanho :p