sábado, julho 22, 2006

O Menino do Piano

Vi um menino, com um piano,
No céu da minha cabeça,
Veio de tão longe,só para me pedir,
Que nunca o esqueça.
Vinha tocar o seu piano,
Como só nos sonhos pode ser,
Por entre as nuvens e as estrelas,
Apareceu, quando me viu, adormecer.
Ficou sentado, perto de mim,
Onde mora a fantasia,
Quis-lhe tocar, mas não se pode ter,
A noite a iluminar o dia.
Soprou devagarinho, uma estrela,
Que se acendeu na sua mão,
Disse-me podes sempre vê-la,
Se souberes soprá-la no teu, coração.
Vi um menino, com um piano,
A despedir-se de mim,
Como uma nuvem,fez o mar e partiu,
Nos sonhos pode ser assim.
Disse-me está a nascer o dia,
Vou p'ra onde a noite se esconder,
Volto com a primeira estrela,
Para tu nunca teres medo, ao escurecer.

Há coisas que não se explicam, o meu fascinio por esta musica é uma delas. Disfrutem da inspiração de uma das melhores poetisas portuguesas contemporâneas... Faz falta alguém que nos acompanhe quando todos vão dormir e pensamos que somos só nós e os nossos monstros. Obrigado Mafalda.

segunda-feira, julho 10, 2006

Personifico aqui o meu começo
Como o sol que brilha nos olhos molhados
Vou mudar de vida, mudar de endereço
Vou amar outra vez, eu sei que mereço...
Aprenderei enfim com os passos errados

Limpar-te era chorar erros antigos
Vou lembrar-te cá dentro até ao fim
É luxo demasiado, deitar fora amigos
Era demencia cortar tudo o mais que tens
Tudo que a alma encerra, e escondeste de mim

O alívio de estar enfim são
(ou julgar ao menos...)
É tirar de cima todo o peso do mundo
Tudo o que me fez ser diferente, toda a paixão
Tudo o que é hoje diferente no coração
Toda uma vida em causa num segundo

Eu sei que são dizeres bastante simples, se calhar até banais... Mas acreditem numa coisa, foram sem dúvida as palavras que mais gosto me deram a escrever até ao dia de hoje... Obrigado a quem gosta de mim e a algumas pessoas em especial pelo apoio que me têm dado, é nestas alturas que se vêm os verdadeiros amigosm são os que estão sempre lá, os que não tiram férias, nem tão pouco esperam nada em troca, obrigado também a quem não gosta que há-de ter as suas razões... Até Breve

sexta-feira, julho 07, 2006

Só me apetece perecer diante dos factos... A convicção que tenho de que o ser superior que está lá em cima, pérfido inventor deste irónico jogo que é a vida, é imparcial morre a cada momento que passa, a cada desilusão, a cada pedaço de real que me depara...
Pudera eu ser imune aos sentimentos, quisera que a minha alma fosse levada para onde eu não a buscasse, tornando-me fatalmente terreno, ingénuamente feliz...
Se ao menos as trevas me tomassem de uma vez e o choro errante que brota do ser a que dou o nome fosse pleno, intenso, efémero... Mas não! Seja verdade ou produto da sereia que me habita a imaginação e me sussurra sinais que te escapam, olhares que ardem de desejo (entre os outros, de desprezo...) ou indesejado arrependimento que enclausuras em ti, Alcatraz entre as mulheres, o que eu não dava por um dia só de tranquilidade, infantil despreocupação com estes jogos mortais!
Se a razão me incita a desistir, fechar os olhos embargados e deixar voar a quem a solidão lhe deu a "lucidez" (ou loucura) de voar no trapézio menosprezando a rede, o coração promete que estará sempre lá amparando a queda...